pedes-me para te escrever, e apesar do dia derrotante, ecoas na minha cabeça
como que a empurrar-me até ao único meio de comunicação que nos une.
Resisto. Mas escrevo-te mentalmente. Juro que escrevo!
mas isso parece não ser suficiente porque estás em mim, não sais de mim.
Janto a escrever-te, a pensar-te, porque te levo muito a sério.
Caio na cama, e lá estás tu.
Fecho os olhos.
Na ponte entre o sonho e a porta do quarto encontro-te, a ti e a mim,
a adulterar memórias.
Tu sorris.
Eu passo a mão por o teu cabelo, o toque inconfundível.
E pergunto-me como pode um simples gesto acelerar-me daquela maneira.
Sacudir-me da cama para fora a exigir papel, caneta e a luz fraca de um candeeiro, porque a hora não mais permite.
Num gesto, o coração finalmente abranda e a tua voz suaviza.
E pergunto-me porque estás sempre aqui, sendo tu tão ausente.
E esse pensamento ter-me-ia assolado há uns tempos atrás (lembras-te?)
Não agora, não hoje. Hoje, empurra-me para bem longe, faz-me querer desaparecer de ti por não te ver. E se assim é, porque queres tanto que te escreva se vou ser sempre eu a esperar por ti e tu nunca a vir? Se nunca vens, porque tenho eu de me apressar com tempo de sobra? E se o medo é meu, porque sou eu a ficar e tu a fugir?
01.09.11
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