sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Dias cansativos de chegar a casa, atirar-me contra o sofá e ali petrificar.
pedes-me para te escrever, e apesar do dia derrotante, ecoas na minha cabeça
como que a empurrar-me até ao único meio de comunicação que nos une.
Resisto. Mas escrevo-te mentalmente. Juro que escrevo!
mas isso parece não ser suficiente porque estás em mim, não sais de mim.
Janto a escrever-te, a pensar-te, porque te levo muito a sério.
Caio na cama, e lá estás tu.
Fecho os olhos.
Na ponte entre o sonho e a porta do quarto encontro-te, a ti e a mim,
a adulterar memórias.
Tu sorris.
Eu passo a mão por o teu cabelo, o toque inconfundível.
E pergunto-me como pode um simples gesto acelerar-me daquela maneira.
Sacudir-me da cama para fora a exigir papel, caneta e a luz fraca de um candeeiro, porque a hora não mais permite.
Num gesto, o coração finalmente abranda e a tua voz suaviza.
E pergunto-me porque estás sempre aqui, sendo tu tão ausente.
E esse pensamento ter-me-ia assolado há uns tempos atrás (lembras-te?)
Não agora, não hoje. Hoje, empurra-me para bem longe, faz-me querer desaparecer de ti por não te ver. E se assim é, porque queres tanto que te escreva se vou ser sempre eu a esperar por ti e tu nunca a vir? Se nunca vens, porque tenho eu de me apressar com tempo de sobra? E se o medo é meu, porque sou eu a ficar e tu a fugir?

01.09.11
C



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Viagem em silêncio.
Que viagem? Pergunto-me eu.
E, logo a seguir, sucessões de perguntas sobre o real e o imaginário, sobre a verdade e os porquês do que não é, sobre o pensado e o inatingido.
Que viagem, se vais embora e cortas o caminho?
 Silêncio? Antes fosse.
Não me venhas dizer que é silêncio quando nem aqui queres ficar.
Medo.
As pessoas temem o desconhecido, eu tenho medo de ti.
Tu dizes que o medo não faz mais parte de ti, mas ainda não te vi a correr na minha direcção, só te vi a atirar pequenos obstáculos no caminho que me fazem constantemente tropeçar.
Pergunto se me vês cair, se afinal de contas não era isso que testavas, a minha destreza nas tuas peripécias.
Ou se simplesmente não seria esse o objectivo que percorrias.
Não me peças os pulmões se ainda me vais fazer correr.
Eu queria ficar. Eu quero ficar. Quero ficar onde tu ficas.
quero poder dizer-te as coisas bonitas que mereces.
Se quiseres ficar.

28.08.11
C